domingo, 7 de fevereiro de 2010

Hoje em dia

Hoje em dia as pessoas dão demasiada importância ao exterior, algo que não compreendo. Se lhes perguntarem se é por causa do exterior de uma pessoa que essa pessoa os magoa, que essa pessoa os faz sorrir, que essa pessoa os faz chorar, que essa pessoa os faz felizes, que essa pessoa os faz as pessoas mais tristes do mundo, que essa pessoa os deixa fora deles, que essa pessoa se apodera das suas mentes, a resposta, obviamente seria "não". A menos que a pergunta fosse feita alguém demasiado insensível e desumano.
Na minha opinião, deveria-se reflectir sobre isto, porque discordo completamente com a descriminação aos menos bonitos, sem mais nem menos, e à admiração constante pela suposta perfeição exterior. Lá por alguém ser menos bonito, não quer dizer que esse alguém não saiba amar e que não saiba fazer alguém feliz, muito menos que não seja boa pessoa. E lá por alguém ser lindo de morrer, significa que é a melhor pessoa do mundo ou que é um "Deus"? Não percebo, nunca irei perceber, nem tenciono sequer vir a perceber.
Esta população de hoje em dia está-se a tornar demasiado insensível, e só quando sofrerem na pele essa insensibilidade vinda de outro alguém, é que irão perceber realmente o que é sofrer.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Superar

Os dias e as noites têm passado naturalmente. A pressão sobre o assunto tem reduzido. À noite, por momentos, consigo esquecer-me de tudo o que me obriga a lembrar o passado, os momentos que não me largam, parecem finalmente fartar-se de me atormentar. Actualmente, o passado, tem sido o meu melhor inimigo, completamente. Os dias têm vindo a mudar, a rotina tem vindo a ser outra, tudo tem mudado. De manhã, limito-me a preocupar com o que irei vestir e com o sono que sinto. Ao longo da manhã, lembro-me várias vezes do meu querido inimigo, mas depois acabo por me esquecer. Ao chegar a casa, o habitual. Enfio-me no quarto, e penso em tudo. Nem tudo pode mudar a 100%, mas parte mudou, tenho a certeza. Ao jantar, o silêncio continua a fazer parte da mesa de jantar, mas não é nada que me incomode. Quando chega a hora de dormir, apago a luz, e penso em muita coisa, não só no passado. Para além de recordar algumas coisas do passado, que tento limitá-las para nenhuma lágrima se dar ao luxo de explorar a minha cara, recordo também o dia feliz que tive, a forma como tenho andado a aproveitar a vida e a conseguir esquecer certas coisas que me têm vindo a deixar não no melhor estado. Por fim, adormeço. Não significa que deixo de recordar, nada disso. Sonho com várias coisas, coisas que por vezes não entendo o significado, mas muitas das vezes, sonho com aquela memória que me tem atormentado ao longo destes meses... Acordo a meio da noite, talvez com uma lágrima na cara, mas limito-me a levar a mão à cara, limpá-la, e volto a fechar os olhos e a adormecer. De manhã, nem me lembro ao certo do que sonhei, mas também não me interessa. Os dias, vão evoluindo ao logo do tempo, cada um vai sendo melhor que outro, e com uma sensação de estar a superar a situação, cada vez maior. Acredito que a superação está a correr bastante bem, mas confesso que não está a ser perfeita, pois têm havido alguns deslizes pelo meio, nada de mais. Estou disposta a ser capaz, estou a disposta a conseguir a amizade do passado.

Passado

Valorizo bastante o passado, pois sem ele não seria o que sou hoje. Todas as noites, quando estou naquele quarto, tendo a impressão de estar apenas rodeada pelo escuro e nada mais, ponho-me a recordar todos aqueles momentos que me marcaram, recordá-los ao pormenor. Esboça-se um sorriso, um toque de alegria espalha-se por aquele quarto, o orgulho sobe-me à cabeça, todos aqueles momentos foram tão perfeitos, apenas sinto que quero voltar atrás, quero reviver tudo outra vez, quero sentir a felicidade que senti. Uma lágrima cai, toda aquela escuridão volta a revelar tristeza, abri os olhos para a realidade, é apenas passado, e o passado não se repete. Porquê? Pergunto-me vezes sem fim. A noite vai passando, acabo por perder o sono, o que hei-de fazer? Decido ficar pela escuridão a recordar, o meu passado. As memórias apoderam-se do meu pensamento, as lágrimas da minha cara, o orgulho da minha alma, a saudade do meu ser. Chego à conclusão, que não parei no presente, e que o passado, já foi, o futuro terá muitos mais momentos maravilhosos, que uma noite mais tarde, irei recordar, outra vez, com alegria, tristeza, orgulho e saudade.
Por fim, o sono acaba por vir, os meus olhos pesados de cansaço, acabam por fechar e caio em sono profundo, e mais uma noite passou.
Todos os dias, ao acordar, penso como seria esta manhã há uns meses atrás, o sorriso que eu ganhava, logo ao acordar e que permanecia até ao resto do dia. A manhã passa, as aulas entediantes, para mim, não são aulas, são tal e qual como todas as noites, aproveito-as para recordar. Quando dou por mim, a aula está a acabar, e ainda nem sequer tinha parado de pensar na mesma coisa, naqueles momentos marcantes do passado. Intervalo, vinte minutos de distracção. Acabo por me esquecer, durante vinte minutos, de todas as memórias que não largam o meu pensamento. Vinte minutos de convivência com os melhores, até que algum deles diz alguma coisa que me faz lembrar a tal memória… Os momentos marcantes voltam a apoderar-se do meu pensamento. Afinal não são vinte minutos de distracção, mas sim apenas dois. Todos os outros 18 minutos voltam a ser o mesmo de sempre: recordar. Quando volta a tocar, e vou para outra aula, volto a tentar abstrair-me das memórias. Resultado – negativo. Impossível.
O resto da manhã entediante, é passada com cara séria, sempre com os mesmos pensamentos e muitas das vezes, a ouvir músicas que me fazem lembrar os tais momentos. Chego a casa, finalmente o meu cantinho, o meu quarto. Tranco-me, deito-me, recordo, choro, sorrio, canto, berro, desespero, sinto saudade, sinto a falta, preciso de ti. Inúmeras coisas me passam pela cabeça, incluindo, o facto de que se tudo fosse como dantes, naquele momento não estaria ali, a desesperar para que o tempo voltasse atrás. Acabo por me erguer, limpo as lágrimas, e tento perceber que “passado é passado”. Convenço-me de que vou ser capaz de esquecer, e viver apenas o presente. Resultado – negativo, mais uma vez. Percebo também que apenas tento mentir a mim própria. Quando é que isto irá acabar? Uma tarde passa. Jantar. O Silêncio à mesa às vezes é um pouco incómodo, mas eu venero o silêncio. Volto para o quarto com mau-humor, sem paciência para nada, e acabo por me deitar. Mais uma noite a recordar. Apago a luz, recordo, e uma lágrima volta a cair. Limpo-a. Volta a cair outra. Limpo-a. Voltam a cair muitas mais, inúmeras lágrimas, não sou capaz de as suster. Mais uma vez, sinto que preciso do passado, preciso de reviver tudo outra vez, não aguento mais isto. A monotonia dos dias, sempre com um péssimo estado de espírito e a pensar sempre nos mesmos momentos, deixa-me frustrada. Adormeço, por fim descanso e abstraio-me do assunto. De manhã, ao acordar, tudo se repete. Pode ser, que algum dia, esta monotonia acabe, pode ser que volte a sentir a felicidade que senti.