terça-feira, 4 de janeiro de 2011

cinco mil e quatrocentos segundos

E mais uma hora e meia passou, acompanhada por palavras, confissões, sorrisos, reflexões, até que eu declarei que é a isto que me agarro, à escrita.
Existe algo dentro de mim que me diz que talvez não deva confiar, de todo, em alguém, e que as palavras sejam talvez as minhas melhores amigas de sempre. Exponho-as, una-as, formo nexos, textos, verdades que talvez nunca foram ditas, e, que, de certa forma, talvez nunca venham a ser.
Nesses meros 5400 segundos, tive um pequeno momento de abstracção de quem me dirigia a palavra e olhei. Olhei em redor, olhei, olhei mil vezes. Havia tanto para olhar, tanto por descobrir, tanto por interpretar. Dei por mim rodeada de coisas desvalorizadas. Pilares que seguravam o tecto que me acolhia, árvores que ofereciam oxigénio, candeeiros que me iluminariam as noites, paredes que me equilibravam, pássaros que gritavam uma liberdade invejável, brisa que me acalmava, tudo aquilo que me levava a pensar. Achei indecente, tal desvalorização, por parte de todos, relativamente a algo que nos é indispensável. Pilares que sujamos, tectos que desprezamos, paredes que escrevemos, pássaros que assustamos, brisas que desejamos que desapareçam, tudo nos leva à saturação e desvalorização. O interesse pelo essencial desapareceu, toda a superficialidade se apoderou do interesse geral de qualquer um.
E de repente, voltei à realidade, e lá estava, alguém, a chamar por mim, perguntando-me o porquê de tanta distracção naquele momento. Expliquei que há coisas formidáveis sem as quais não viveríamos e que desprezamos loucamente. Não dei qualquer outra justificação, não pronunciei qualquer outra palavra para além daquelas. Surpreendi quem me fazia companhia, pois esse alguém não fazia a mínima ideia do que eu quis dizer, muito menos se eu estaria boa da cabeça, ou não.
Por momentos, voltei a apagar-me, era apenas eu e os meus pensamentos. Estava tal e qual um louco, não ouvia nada, ninguém, quieta, ali, de olhos vidrados, a sorrir. Corriam-me imagens pela cabeça, momentos inesquecíveis e que valorizo ao máximo, que sei que vão ser multiplicados por muitos mais. Existe alguém, que sei, que está sempre presente, seja qual for a circunstância. Sei que voltei a conjugar o verbo amar, e sei que amar não é nada mais, nada menos, que um sinónimo de "inexplicável".
Sinto-me enlouquecida por tudo. Até um dia.

Perco-me

Sem que dê conta, perco-me em pensamentos. Reflito sobre coisas que tenho a certeza que ninguém se irá preocupar com. Penso que, neste momento, estar aqui ou não estar, é igual e pergunto-me vezes sem conta "Porquê?" e chego à conclusão que não serei, de todo, a única com a estas perguntas e mesmo que não tenha certezas disso, concentro-me sobretudo nisso na tentativa de me aconchegar psicologicamente.

Apesar de crer, a cada dia que passa, que tudo acontece por um motivo, passo horas a fio em busca de motivos possíveis para determinados acontecimentos e, ainda assim, fracasso. Sim, ainda tenho muito para aprender e perceber, mas já aprendi tanta coisa que perferia ter aprendido mais tarde, já mudei mil vezes, já troquei de opiniões vezes sem fim, já cometi tantos erros, já cresci tanto sem sequer darem conta.

Observo, concluo, aplico, acerto, erro, cresço, escrevo.

(Dez10)

Tempos

E um dia pronunciei a expressão "para sempre". Convenci-me a mim mesma que pessoas seriam para sempre e, que nada iria mudar. Enganei-me. Parte dessas pessoas não têm nem metade do significado que já tiveram, e algumas, não passam de meros desconhecidos. Estou definitivamente afastada de pessoas que em tempos foram as pessoas mais importantes da minha vida e que eu tinha a certeza que nunca as iria perder nem por um momento, tinha a certeza que iria ser "assim" para sempre e não punha sequer em causa, o facto de as coisas mudarem com o tempo, e os conflitos se desencadearem quando menos se espera.

Os dias foram passando, tornando-se meses, novas pessoas pessoas foram aparecendo, bem como novos momentos e experiências se foram tornando rotina. Certos amigos foram ficando para trás, pessoas que eu sempre amei com todo o meu coração e que jamais as trocaria por alguém. Fui-me apercebendo, aos poucos, que estava errada. Não era para sempre. Eu tenho 14 anos, longe de mim saber apenas um terço do meu futuro. Afastei-me mais que nunca de melhores amigos, que sei que nunca irei encontrar iguais, mas o mal já está feito e voltar atrás está mais que fora de questão. Tenho pena, mas actualmente, os que tenho comigo, são-me suficientes e o que já lá vai, já lá vai, não há volta a dar. Obrigada pelos outros tempos.

(Dez10)

Frente

Arrisquei perante uma incerteza, algo que nunca deveria ter feito e que jamais o voltarei a fazer. Como sempre, é com os erros que se aprende.

Erros? Sim, foi um erro, tudo. Tenho de certo a certeza que se o arrependimento matasse, eu não estaria presente. Mas como apenas nos deixa com a sensação de raiva e vontade de voltar atrás, não há nada que se possa fazer, a não ser o suicídio, mas isso não é propriamente provocado pelo arrependimento, mas sim pelos sentimentos provocados pelo mesmo. O suicídio, provocado tanto pelo arrependimento, como por outros sentimentos, é sim uma prova de fraqueza. Digo isto porque a vida é sim para ser vivida e jamais desperdiçada. Devemos agradecer por poder vivê-la, devemos aproveitá-la, porque tudo faz parte, altos e baixos, alegrias e tristezas, são todas as peças que completam o puzzle, puzzle esse chamado de vida, puzzle esse que muitos deitam fora por mera fraqueza e ignorância, quando muitos outros lutam por tê-la. Para quê desperdiçar algo, por mais péssimo que esteja, se não sabemos se iremos passar por uma experiência ainda pior como consequência disso mesmo? Será mesmo essa a solução? Desistir de tudo o que já foi ganho e aprendido? Desistir de tudo o que ainda se pode adquirir e viver? Para mim, desistir não existe. Há que lutar, há que superar, e nunca desistir, nunca rastejar, nunca cair. O medo de algo, por vezes leva-nos a desistir de algo que nem sequer começou e a não aproveitar as oportunidades. Seguido disso vem o arrependimento. Outra vez o arrependimento. Pode-se concluir que está tudo inter-ligado, depois de um sentimento vem outro, quase que automaticamente e assim sucessivamente... E é arrependimento que eu sinto, e arrependo-me de ter feito o que fiz levando-me a sentir o que sinto agora, RAIVA.

Arrisquei, errei, arrependi-me e agora, agora vou seguir em frente. Procurar por algo que nem eu própria sei mas que sei que vou encontrar, porque eu sei que sou forte e sou capaz de tudo o que quero, e não será algo ou alguém que me impederá.

(Nov10)

Meros desabafos

Já gritei, já chorei, já cometi loucuras, já senti arrependimento, já quis fugir, já me senti sozinha no meio de multidões, já me senti insignificante, já fracassei, mas nunca, nunca desisti dos meus objectivos, e jamais o irei fazer. Nunca desisti do que sabia que valia a pena, nunca fiquei calada quando sabia que havia mais para dizer, nunca chorei por quem não merecia na sua própria frente, nunca fugi por mais que o quisesse. Eu sei, sei que não sou perfeita, até porque isso é desumano, e longe de mim querer sê-lo, mas também sei que poderia algumas vezes agir de maneira diferente. Cometi erros imperdoáveis, loucuras que mudaram a minha vida para sempre, disse coisas que jamais diria agora, magoei, feri, fui injusta, fui bruta, mas como já disse, eu sou imperfeita, e digo desde já que estou a kilómetros da perfeição. Quero pedir desculpa a todos os que já magoei, a todos com quem já fui injusta, peço desculpa por todos os meus erros, porque sei que um dia poderá ser tarde de mais para me lamentar. Apesar de tudo isto, sei que tenho todos os que posso chamar de "melhores amigos" comigo, e eu amo-os muito. Digo, também, desde já, que as amizades não têm a ver com o seu tempo de duração, mas sim com a sua força, e eu sei bem do que falo. Pessoas que há meses, sim, há meses, eu mal sabia da sua existência, hoje não consigo viver sem elas e digo, com todas as certezas, que fazem parte dos meus dias. E é a todos os que têm estado sempre comigo e que já fizeram muito por mim, que eu digo um sincero "obrigada" e que espero um dia poder retribuir tudo, porque afinal, o que seria de mim sem vocês? Amo-vos. 

(Out10)

Não sei

Talvez nada seja assim tão facil.

A cada dia, a cada hora, minuto, segundo, que passa, algo muda. Nem que seja apenas o estado de espírito. Estado de espíritio? Falo por mim, que por mais segundos, minutos, horas, dias que passem, o meu, tem-se mantido. Por vezes camuflado, por vezes não, mas tudo depende.

Tenho me apercebido que aprendemos com cada acção praticada, cada erro cometido, cada conversa, cada momento... E sei também que é com o facto de aprendermos, que nos vamos apercebendo aos poucos do que é afinal a vida.

Definição de "Vida"? Penso que não há, especificamente, uma boa definição. Porquê? Porque depende. Depende do quê? De tudo. Se anotarmos todas as perguntas que temos perante a vida, vamos, aos poucos, percebendo que mesmo sem querermos, todas as questões são respondidas, ou até vão surgindo mais questões.

Mas afinal, de que estou eu a falar? Da vida? Da minha vida? Do que me vai na alma? Sinceramente, nem eu própria sei. Sei, apenas, que tenho tido percepções que preferia ter mais tarde, percepções essas que despertam tanto dor, como alegria.

Tenho visto tudo numa correria, numa correria que passa por etapas de mudança, a cada metro que completa e a cada segundo que passa. Tudo tem mudado, tudo se tem transformado, até os meus pensamentos, as minhas palavras, os meus sorrisos, as minhas lágrimas. A cada dia, ao acordar, algo me vem à cabeça, um assunto que me persegue. Persegue-me 24 horas por dia, 60 minutos por hora, 60 segundos por minuto... Persegue-me. E essa perseguição, rodeada por muitas outras, secundárias, parece não querer acabar, e parece-me também já nem sequer viver sem ela, inspirar sem ela, pestanejar sem ela, que o meu coração bata sem ela. Talvez uma perseguição que se apoderou do meu ser. Perseguição essa que me mudou. Não me sinto em mim, não me sinto a mesma pessoa. Sinto um vazio em mim que parece impossível de preencher, uma mágoa que não me larga, uma incapacidade de largar um verdadeiro sorriso. Sem dúvida, mudei de mundo, pena não ser literalmente. Sinto-me apenas bem no meu mundo, comigo. Procuro obter respostas, mas fracasso, constantemente. Sim, fracasso, a minha vida é feita de fracassos, que sem nunca me ter apercebido, por minha culpa, por actos que não foram em vão. Aliás, nada foi em vão.

Será que mereço? Será, que realmente, eu mereço? Será essa a razão? Vejo, a cada dia que passa, as situações a piorarem, apesar de me confortar e pensar o contrário.

Afinal de contas, a vida, tem-me ensinado que tudo faz parte. As desilusões fazem parte, as lágrimas, por mais secas que estejam, fazem parte, tal e qual como as alegrias e os sorrisos verdadeiros, que pouco têm estado presentes. Pergunto-me quando será que tudo se irá inverter, pergunto-me quando será que um dia acordarei e pensarei "Afinal era tudo um sonho? Os sonhos, afinal, não são assim tão inúteis.". Iria eu ter saudades? Será que ia surgir uma vontade de voltar a repetir o sonho, para tentar perceber todo aquele tormento? Só sei, que o que é certo, é que ainda não acordei, e afinal, é melhor aproveitar da melhor forma, antes que acorde depressa...

(Set10)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Tempo

Há pessoas que me completam, muitas nem sabem disso e algumas delas, nem eu sei a sua verdadeira importância, só com o tempo o irei perceber. Sim, o tempo, o tempo é o nosso melhor professor. Com o tempo aprendemos a sorrir para a vida, aprendemos a gostar de viver, a dar valor às coisas, aprendemos quando é realmente altura de chorar e de nos arrependermos, com o tempo aprendemos a perdoar, a ouvir, a dar razão, a perceber, a rir, a brilhar, a crescer. É ao longo do tempo que vamos percebendo certas coisas que pensávamos nunca vir a entender, ou até coisas que já nem nos lembrávamos ter querido perceber. Às vezes gostávamos de voltar atrás no tempo para poder mudar o que está errado, mas é graças aos nossos erros, que aprendemos, e que somos o que somos hoje. Outras vezes queixamo-nos de que o tempo passa demasiado depressa e que não queremos envelhecer, mas vendo bem, envelhecer é uma lei da vida, todos envelhecem, todos já foram crianças e a mínima coisa que deveriam ter feito era ter aproveitado bem, para, um dia mais tarde, recordar com o maior orgulho essa fase da vida. A percepção da passagem rápida do tempo deve-se exactamente ao não querer que ele mesmo passe. Sim, porque quanto mais queremos que o tempo passe devagar, mais rápido ele passa. É estranho, ou não, mas é mesmo assim. Não tenho muito para falar em relação a experiência de vida e ao tempo que já passou, porque sou apenas uma mera adolescente que ainda tem muito para aprender acerca da vida e acerca de tudo, tal como disse, com o tempo.

(2009)