domingo, 2 de janeiro de 2011

Tempo

Há pessoas que me completam, muitas nem sabem disso e algumas delas, nem eu sei a sua verdadeira importância, só com o tempo o irei perceber. Sim, o tempo, o tempo é o nosso melhor professor. Com o tempo aprendemos a sorrir para a vida, aprendemos a gostar de viver, a dar valor às coisas, aprendemos quando é realmente altura de chorar e de nos arrependermos, com o tempo aprendemos a perdoar, a ouvir, a dar razão, a perceber, a rir, a brilhar, a crescer. É ao longo do tempo que vamos percebendo certas coisas que pensávamos nunca vir a entender, ou até coisas que já nem nos lembrávamos ter querido perceber. Às vezes gostávamos de voltar atrás no tempo para poder mudar o que está errado, mas é graças aos nossos erros, que aprendemos, e que somos o que somos hoje. Outras vezes queixamo-nos de que o tempo passa demasiado depressa e que não queremos envelhecer, mas vendo bem, envelhecer é uma lei da vida, todos envelhecem, todos já foram crianças e a mínima coisa que deveriam ter feito era ter aproveitado bem, para, um dia mais tarde, recordar com o maior orgulho essa fase da vida. A percepção da passagem rápida do tempo deve-se exactamente ao não querer que ele mesmo passe. Sim, porque quanto mais queremos que o tempo passe devagar, mais rápido ele passa. É estranho, ou não, mas é mesmo assim. Não tenho muito para falar em relação a experiência de vida e ao tempo que já passou, porque sou apenas uma mera adolescente que ainda tem muito para aprender acerca da vida e acerca de tudo, tal como disse, com o tempo.

(2009)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Original" VS "Artificial"

Penso que talvez não saibamos aproveitar o que está diariamente diante dos nossos olhos. Estamos constantemente em contacto com o "artificial" da vida, até porque talvez o "original" já esteja sem qualidade devido exactamente ao aproveitamento excessivo do "artificial".
Há coisas insuportáveis, há pessoas insuportáveis, há atitudes insuportáveis, há MANEIRAS DE PENSAR insuportáveis. Tudo se pode tornar insuportável quando ultrapassa os limites...
Já não há ninguém que saiba o que é viver sem um telemóvel, sem o computador, sem internet, sem qualquer tipo de aparelho útil que hoje em dia é uma coisa perfeitamente normal para qualquer um de nós. Não estou com isto a querer dizer que eu consigo, porque eu talvez até seja das pessoas mais agarradas ao telemóvel ou a qualquer outro tipo de tecnologia... Quero com isto dizer que talvez não saibamos aproveitar bem o essencial da vida, da natureza, do planeta, de qualquer tipo de coisas "originais" sem a interferência do "artificial". Se já foi possível viver sem isso, qual é razão de nos considerarmos actualmente incapazes de sobreviver com a ausência disso mesmo?
Ao dizer tudo isto, parece que estou a querer transmitir que sou uma amiga do ambiente, que não uso telemóvel por achar ridiculo, que não ligo à internet, que venero a natureza e os passarinhos a cantarular, etc, etc. Mas nada disso. Eu sou apenas mais uma pessoa no mundo que nasceu dentro da actualidade e que está inteiramente adaptada a tudo isto de agora e que sinceramente até me considero também incapaz de viver sem todo o "artificial" que me rodeia.
Talvez algum dia alguém abra os olhos e me compreenda, se é que não há já alguém.

sábado, 19 de junho de 2010

Realidade

Por vezes, sentimos o que não queremos sentir, outras vezes, queremos sentir o que não sentimos. Outras, não dizemos o que queremos dizer e não mostramos o que queremos mostrar.
Sim, eu sei que há, eu sei que sente, eu sei que apesar de tudo não quer mostrar. O que faz para não querer mostrar, leva exactamente ao mostrar o que não quer mostrar. Eu percebi e também percebeu. Não quis mostrar e mostrei.
Sei que às vezes o orgulho fala mais alto, mas temos que aprender a mandá-lo calar porque quem acaba mal somos nós. Eu sei que não mostra simplesmente porque não quer, mas eu sei que quer, e acaba por mostrar. Eu vi, também viu. Eu sei que mexe, eu sei que sente, eu sei que não quer mexer, eu sei que não quer sentir. Mas há que confrontar a realidade, e a realidade é esta: algo há.

domingo, 6 de junho de 2010

Perfeição(?)

Perfeição? Sei que é algo que é algo por que procuram constantemente, exactamente pelo facto da sua inexistência. “O fruto proibido é sempre o mais desejado”. Sim, esta frase é real. Queremos sempre o que não temos, admiramos e desejamos a perfeição, descriminamos e evitamos a imperfeição. Porquê? Porque nunca estamos satisfeitos com o que é nosso, com o que nos rodeia, somos constantemente “do contra”, desejando sempre o contrário do que é nosso. Surge-me também o porquê de não vivermos com o que é nosso, de não nos habituarmos ao que é nosso, e não sermos felizes com o que é nosso. Afinal, é nosso! Faz parte de nós, qual é razão de tanta descriminação a isso mesmo? Porquê a constante admiração ao que não é nosso, e, principalmente, à perfeição? A busca constante pela perfeição é completamente ridícula, pois qualquer pessoa normal sabe que é uma busca sem sucesso.
Só gostava de poder pedir a todo o mundo que abrisse os olhos para a realidade, e parasse de uma vez por todas de admirar o impossível de existir, que parasse de uma vez por todas de admirar a perfeição e de tentar construir isso mesmo, tanto como tentar encontrá-la. Os nossos olhos estão diariamente diante de coisas repletas de perfeição construída e ficcional. A maquilhagem é uma das muitas provas que a imperfeição gosta de ser camuflada pela perfeição, apesar da construção da perfeição ser levada muitas vezes à imperfeição. Algo complicado, digamos assim…
Só há uma e uma única altura em que encontramos alguém perfeito na vida. Quando nos apaixonamos. Aí sim, vemos alguém com outros olhos, poder-se-á dizer até que temos os nossos olhos vendados com uma venda que apenas nos mostra o perfeito e nunca o imperfeito; apenas as qualidades e nunca os defeitos; apenas as boas coisas e nunca as más. A perfeição - jamais a conseguiremos alcançar, a não ser aos olhos dos que nos amam.
Quando somos amados, aí sim, temos a falsa sensação de termos finalmente alcançado a tão difícil e desejada perfeição. Ama e sê amado, sentir-te-ás “perfeito”, bem como encontrarás a “perfeição”, apesar de isso não passar de uma mera ilusão.
As ilusões são boas até um certo ponto. São boas enquanto nos fazem sonhar, e dentro desses sonhos somos felizes, e por momentos conseguimos encontrar a felicidade que tanto procurávamos. O pior das ilusões, é quando elas acabam, e passamos à desilusão. A ilusão e desilusão estão definitivamente sempre relacionadas, porque depois da ilusão, vem sempre a desilusão.
Com a desilusão sofremos. Sofremos muito, e inicialmente custa-nos até a acreditar que tudo foi uma mera ilusão. Porque, de facto, a ilusão deixa-nos tão crentes de algo tão irreal, que ao nos desiludirmos caímos inteiramente de “para-quedas” na realidade, que nessa altura, para nós, anteriormente iludidos, é a irrealidade.